Não foram poucas as vezes que
eu ouvi gente boa dizer que o rock faz com que o gosto musical de quem o
aprecia fique restrito. O rock, segundo estas pessoas, cristaliza algumas
formas estéticas na cabeça dos que consomem este tipo de cultura (que,
efetivamente, são vários formatos, advindos de diversas culturas).
Pode até ser que isso se aplique
nos casos em que o indivíduo (e há indivíduo em 2012?)
escolhe ou só consegue se reconhecer socialmente como parte de um gueto
específico. Mas isso independe da música e se relaciona mais com aceitação e
zona de conforto. Repare que não estou eximindo a música enquanto partícipe
deste processo de socialização. Mas é isso que ela é: um fragmento importante.
E não o supra sumo irreversível.
O que de fato me interessa é
tirar a teia de aranha ignorante que há sobre esta impressão decrépita, segundo
a qual o rock molda pessoas de cabeça fechada, avessas a outras formas de
manifestação. Não acho, sinceramente, que via de regra, o apreciador do rock seja
este sujeito idiota, incapaz de transitar por outros ambientes
musicais/culturais.
Na minha roqueira
interpretação, o que rola é um upgrade no nível de exigência quanto ao apuro
artístico devotado à obra de arte no HD de quem ouve rock. Pretensioso? Sim! Mas
o rock é pretensioso! Tem outras intenções, além da velha mordida no cifrão do
fã. O rock ainda deixa um espaçozinho para a arte.
Repito: há “vários rocks”.
Do mais simples ao mais rebuscado. Tem rock fantástico e rock horrível (e qualquer
juízo de valor é você quem faz). E boa parte da produção é lírica ou
musicalmente interessante. Ocorrendo às vezes até um casamento entre estas
grandezas. Se não é todo mundo que ouve rock confortavelmente, talvez não seja
tão fácil agradar a um roqueiro com outra estratégia. Problema de mercado seu!
Gostaria de agradecer ao
rock por me mostrar um montão de coisa legal em termos de música, cultura e
estética. Obrigado por me fazer mais crítico e menos suscetível a lesões
cerebrais causadas pela indústria fonográfica escrota. Quero agradecer por ser
a maior criação da indústria fonográfica escrota de todos os tempos! Hehehe...
Valeu também por nunca
tentar sacanear minhas puladas e cerca para encontros casuais com um jazz, uma bossa
nova, um samba, uma música brega, um hip hop...
Valeu rockão encapetado de
cada dia!!!
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