EU ODEIO CARNAVAL!

Salvador ferve (31°C) e fervilha de expectativa às vésperas do início do carnaval. Desnecessário discorrer sobre a importância da folia, que segundo o Guiness Book é a maior festa de rua do mundo. Festa é? Tá bom! Para muita gente pode até ser, mas para mim, roqueiro velho e amargurado, é o período de maior tortura psicológica do ano.

Todo mundo veste sua melhor carinha de felicidade eufórica e sai por aí ensandecido, repetindo refrões de mau gosto surreal e coreografando suas danças de acasalamento bestial pelos quatro cantos da cidade.

Eu, ruim da cabeça e doente do pé, não vou atrás do trio elétrico. Será que eu já morri? Sei não. Mas no que depender de mim, quem morre é o rei momo, empalado. Odeio carnaval! Odeio a música horrenda do carnaval! Odeio playboy de abadá, camarote, trio elétrico e transmissão televisiva da folia! Odeio a gripe que se espalha pelo ar e vem encher o saco de quem tava quieto.

O que me resta é reclamar no vazio. Sei que sou voto vencido. Vou ficar em casa, ou beber uma cerveja aqui na rua mesmo. Quero distância da muvuca infernal, da pancadaria, dos roubos, das poças de mijo, da truculência policial, do fedor, do calor, da música imbecilizante e das manifestações de felicidade mais falsas que uma nota de três reais.